Corticotomia na Ortodontia
Autor: Prof. Dr. Anderson Mamede
Especialista, mestre e doutor em Ortodontia
Coordenador e professor do curso de especialização da Faculdade Modal
(Belo Horizonte, Uberlândia e Salvador)
Palavras-chave: Ortodontia; Tratamento; Corticotomia.
Uma das principais desvantagens do tratamento ortodôntico convencional é o tempo. Muitos pacientes adultos prejudicam a sua saúde bucal mantendo uma mal oclusão por anos sem tratá-la, devido ao longo período que deverão permanecer com o aparelho fixo instalado. Este tempo maior é devido, principalmente, à ausência de crescimento, perda de osso alveolar e a presença de recessões gengivais.
A aceleração do movimento ortodôntico é um tema que tem sido muito debatido neste século, onde as pessoas buscam resultados cada vez mais rápidos para todos os tipos de problemas. Dentre as formas de alcançar uma oclusão fisiológica satisfatória, tanto no campo estético como funcional, em um menor tempo, a corticotomia surgiu como uma opção viável e uma das mais efetivas na ortodontia.
Este procedimento foi descrito pela primeira vez na literatura com a finalidade de alcançar um movimento dentário rápido, em 1959 por Henrich Kole. Segundo a literatura o tratamento ortodôntico com a utilização da corticotomia reduz em um terço o tempo em relação à ortodontia convencional.
A corticotomia é um procedimento que consiste na realização de retalhos tanto vestibular quanto lingual para a exposição do osso alveolar. Em seguida realiza-se um corte mesial/distal e apical ao redor de cada dente, através do osso cortical, penetrando minimamente no osso medular. Esse corte pode ser realizado com brocas cirúrgicas ou por piezoincisão.
A movimentação dentária deve ser iniciada duas semanas após o procedimento de corticotomia. Esta cirurgia estimula os nociceptores que em resposta, geram um processo de reparação local duas a dez vezes mais rápido do que a cura fisiológica normal.
Atualmente a literatura tem preconizado a realização da corticotomia associada ao aumento ósseo vestibular, realizado através da colocação de enxertos com matriz mineral bovina, que promove uma maior estabilidade pós ortodontia. Além disso, pode corrigir eventuais discências e fenestrações que podem ter ocorrido em tratamentos anteriores.
As principais vantagens da corticotomia são: menor tempo de tratamento, menor reabsorção radicular, menor desmineralização de substância dentária e menor índice de recidiva. As principais desvantagens são: Custo extra do procedimento, muitos pacientes são resistente à cirurgia, risco de perda de crista óssea e recessão gengival, alguma dor e inchaço pós cirúrgico, bem como o risco de infecção.
O procedimento de corticotomia associado ao enxerto ósseo tem ampliado os resultados em casos mais complexos em pacientes adultos e promete ser uma técnica cada vez mais utilizada na ortodontia contemporânea.
Referências
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