Autor: Prof. Dr. Anderson Mamede
Especialista, mestre e doutor em Ortodontia
Coordenador e professor do curso de especialização da Faculdade Modal
(Belo Horizonte, Uberlândia e Salvador)
Palavras-chave: Quadrihélice; Contração; Mordida Cruzada Posterior Vestibular.
A mordida cruzada posterior vestibular é uma má oclusão de baixa prevalência, caracterizada pela presença da cúspide palatina do elemento dentário superior posicionada mais para vestibular do que a cúspide vestibular do inferior (Fig 1). Também é denominada de síndrome de Brodie, mordida em tesoura e mordida invertida.
A permanência desta má oclusão pode levar a uma assimetria facial, inclinação excessiva para vestibular da coroa dos dentes superiores e lingual dos inferiores, bem como a extrusão dos dentes envolvidos, em ambas as arcadas, devido à falta de contato oclusal. O tratamento da mordida cruzada posterior vestibular pode ser realizado com expansão inferior e/ou contração superior, sendo que essa pode ser realizada através do uso de um quadrihélice de contração.
O quadrihélice foi introduzido por Ricketts na década de 70, possui quadro helicóides que suavizam a força empregada, alcançando resultados mais satisfatórios. Pode ser confeccionado com o fio de calibre 0,8 ou 0,9 mm, com as ligas de Cr-Ni-Fe ou Cr-Co. Este dispositivo pode ser soldado nas bandas ou encaixado nas mesmas a partir do tubo palatino. Possui muitas variações de acordo com o objetivo a ser alcançado, uma delas é o dispositivo de contração.
No quadrihélice de contração, os 2 helicóides localizados na parte anterior são confeccionados de tal forma que tendem a se desfazer favorecendo o movimento de palatinização dos molares (Fig 2).
Quando o paciente não possui parafunção a confecção de levante oclusal não é necessária uma vez que passamos em torno de 23 horas na posição de repouso mandibular. Em casos de pacientes com parafunção, tais como bruxismo e apertamento, a confecção do levante passa a ser fundamental, uma vez que a parafunção seria um fator de impedimento para o descruzamento da mordida.
O quadrihélice é ativado contraindo cerca de 1 cm, o que pode ser conferido encaixando uma banda de um lado e observando se a face vestibular da banda do outro lado está tocando a face palatina do outro molar. Este dispositivo deve ser reativado a cada 60 dias, podendo essa ser realizada através da remoção e readaptação do dispositivo ou intrabucalmente usando alicates, tais como o tridente.
Podemos concluir que o dispositivo quadrihélice de contração continua a ser um auxiliar importante na mecânica ortodôntica contemporânea, com resultados satisfatórios no tratamento da mordida cruzada posterior vestibular de origem dento-alveolar.
REFERÊNCIAS
- ALMEIDA, Soraia Azeredo de et al. Mordida de Brodie: relato de caso. Ortho Sci., Orthod. sci. pract, v. 5, n. 20, p. 532-538, 2012.
- BENCH, Ruel et al. Terapia Bioprogressiva. Editora Santos 3ª edição, 1996.
- DUARTE, Mario Sergio. O aparelho quadrihélice (Quad-helix) e suas variações. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v. 11, n. 2, p. 128-156, 2006.