Autor: Prof. Dr. Anderson Mamede
Especialista, mestre e doutor em Ortodontia
Coordenador e professor do curso de especialização da Faculdade Modal
(Belo Horizonte, Uberlândia e Salvador)
Palavras-chave: Ortodontia; Expansão rápida da maxila; Disjunção palatina; MARPE.
A disjunção maxilar tem sido usada há muitos anos, de forma efetiva, em indivíduos respiradores bucais em crescimento e em pacientes com mordida cruzada posterior, devido a uma atresia maxilar ou postura mandibular alterada. Além de pacientes classe III onde, para se alcançar uma boa relação sagital entre as bases ósseas, deve-se realizar uma protração maxilar que, para ter o seu movimento potencializado, deve-se promover, primeiramente, uma expansão rápida da maxila.
Em pacientes adultos, onde a sutura palatina mediana já se encontra fusionada, a expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente era a opção mais indicada. Contudo esta apresenta certas limitações que incluem o alto custo, o edema e a dor pós-operatória.
Os aparelhos utilizados no século passado para disjunção maxilar eram todos dento suportados ou dento-mucossuportados, o que levava a uma inclinação excessiva dos elementos dentários posteriores e a alguns riscos tais como: reabsorção radicular vestibular dos dentes de apoio e fenestração da cortical vestibular.
Em 2010, o professor coreano Kee-Joon Lee introduziu o MARPE que é um acrônimo de Miniscrew-Assisted Rapid Palatal Expander, lançando o conceito da ancoragem óssea para disjuntores, promovendo um melhor controle da inclinação dentária posterior. Além disso, neste tipo de dispositivo, a sutura palatina mediana se abre de forma mais paralela e homogênea se comparado com os aparelhos antigos.
Certamente a incorporação de mini-implantes na ancoragem dos aparelhos de expansão rápida da maxila pôde, segundo Seong et al, contribuir na liberação de forças nas suturas, diminuindo o excessivo stress na parede vestibular. Consequentemente produzindo menores efeitos dentoalveolares colaterais e alcançando os pré-requisitos para a obtenção da disjunção maxilar em pacientes adultos. Além de serem indicados para pacientes periodontalmente afetados e com a curva de Wilson no limite de inclinação.
O aparelho MARPE é constituído por um parafuso disjuntor fixado no palato através da instalação de 4 mini-implantes na região paramediana da sutura palatina. Sendo que dois destes ao nível da terceira rugosidade e os demais próximos da região dos primeiros molares e por duas bandas soldadas aos braços do parafuso e cimentadas também nos primeiros molares.
A ativação do MARPE é normalmente 2/4 de volta a cada 12 horas para pacientes jovens e 1/4 de volta para indivíduos adultos, até alcançarmos uma sobrecorreção da mordida cruzada posterior. Devemos alertar aos pacientes adultos que a disjunção maxilar pode não ser alcançada devido ao avançado processo de maturação da sutura palatina mediana.
Finalmente após a expansão rápida da maxila, o aparelho MARPE é deixado no local por um período médio de 4 a 5 meses como contenção, aguardando a neoformação óssea no “gap” entre as duas metades da maxila disjuntada. Após este período, o dispositivo é removido sendo recomendado a instalação de um Quadri-hélice ou uma placa removível por mais 6 meses, evitando a recidiva.
Portanto, o MARPE pode ser considerado uma nova proposta para a expansão rápida da maxila, com uma abrangência maior no que se refere a idade do paciente para a sua utilização e com menores efeitos indesejáveis. A avaliação do sítio a ser instalado os mini-implantes, por meio de uma tomografia computadorizada, estaria indicada para auxiliar na escolha do comprimento dos mesmos, visando a obtenção de uma ancoragem bicortical, o que aumentaria o nível de sucesso na manutenção dos parafusos de ancoragem temporária.
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Referências
- SEONG, Eui-Hyang et al. Evaluation of the effects of miniscrew incorporation in palatal expanders for young adults using finite element analysis. The Korean Journal of Orthodontics, v. 48, n. 2, p. 81-89, 2018.
- SUZUKI, Hideo et al. Expansão rápida da maxila assistida com mini-implantes ou MARPE: em busca de um movimento ortopédico puro. Rev Clín Ortod Dental Press, v. 15, n. 1, p. 110-25, 2016.